Cocriação, apoio na tomada de decisão e a criação de vínculos estão entre as características do empreendedorismo em rede. Manter uma rede entre pessoas que estejam determinadas e motivadas a trabalhar por causas possibilita acessar espaços diversos, potencializa vivências e fortalece negócios sociais.
“Normalmente, negócios sociais começam sem recursos. E trabalhar sozinho, sem o básico, é muito difícil. Mas quando você trabalha em rede, você vê que é possível ajudar outras pessoas e ainda construir um negócio baseado em causas, principalmente porque você tem outras pessoas alinhadas, que vão trabalhar com o mesmo propósito”, afirma Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede Mulher Empreendedora.
O caminho da Rede Mulher Empreendedora começou como um blog acabou crescendo e tornou-se um negócio graças à tecnologia, uma facilitadora para quem deseja aderir ao empreendedorismo em rede.
Ana Fontes conta que, por meio do Facebook, encontrou outras mulheres com as mesmas dificuldades e aprendizados em seus processos. Hoje, a rede conta com cerca 550 mil mulheres contribuindo para capacitação e consultoria de outras empreendedoras e promove mais de 300 eventos por ano, muitos deles organizados por voluntárias.
Elas ainda contam com um grupo de Facebook com 65 mil mulheres trocando informações. A fundadora ressalta que, embora seja recompensador, trabalhar em rede também tem suas dificuldades.
“É preciso ter muita determinação, entender o tempo e os momentos de cada pessoa, além de se reinventar o tempo inteiro”, diz Ana Fontes. “Empreender é muito solitário, mas quando a gente se reconhece em outras pessoas a jornada fica menos difícil”, acrescenta.
Para quem quer dar o primeiro passo e não sabe encontrar uma rede, a plataforma Meetup facilita os encontros e desenvolve uma comunidade virtual em prol de um objetivo comum. Pode ser cozinhar, praticar um idioma, aprender programação, debater causas, empreender, entre outras atividades.
A importância de criar conexões para agregar na jornada empreendedora, é um dos principais objetivos do Pense Grande Incubação. Ao longo de 2019, os 30 empreendimentos participantes da 5º edição frequentaram encontros regionais e nacionais.
Dividindo o mesmo espaço, os empreendedores puderam criar vínculos e se fortalecer relações que começam a ser construídas desde a fase de pré-incubação e vão sendo estabelecidas nas demais fases, por meio de atividades como a Imersão Pense Grande e reuniões presenciais pelo país.
No mês de novembro, os participantes se reencontraram para a segunda fase dos encontros para a troca de experiências e o acompanhamento de seus projetos, em São Paulo, Salvador e no Rio de Janeiro.
“Os encontros são uma estratégia de apoio do Pense Grande. Durante todo o processo de orientação, a gente trabalha a questão do empreendedorismo em rede para potencializar um negócio. Por isso, a gente acha importante fazer com que os selecionados se encontrem pessoalmente, e não só virtualmente. Assim, as trocas são mais potentes”, relata Marina Egg, coordenadora na Aliança Empreendedora.
Com a jornada no Pense Grande Incubação se encaminhando para o fim, o principal objetivo é fazer com que os jovens entendam que, mesmo sem o intermédio do programa, eles podem seguir em rede, aprendendo uns com os outros. Também são debatidas questões técnicas e comportamentais, como marketing digital, vendas, trabalho em equipe, distribuição de lideranças e planejamento financeiro.
“Se conectar com outras pessoas é importantíssimo. A gente se sente perdido no começo e os encontros regionais nos ajudam e trazem esse gás pra continuar. Lá nós vemos que outras pessoas estão enfrentando os mesmos desafios, inseguranças e talvez tenham sugestões e respostas melhores do que as que temos quando estamos sozinhos”, ressalta Larissa Dornelles, 27 anos, fundadora da Brado Instrutoria e participante da Incubação.
Bruno Gomes dezembro 5th, 2019
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Outubro foi marcante para jovens estudantes das Etecs que participam da 7ª edição do Programa Pense Grande. Ao longo do mês, eles tiveram a chance de trocar ideias sobre projetos desenvolvidos e se conectar com empreendedores sociais para entender melhor sobre suas jornadas empreendedoras.
Como já é tradição, o chamado Encontro Empreendedor é um momento para que os jovens que integram o Pense Grande – iniciativa da Fundação Telefônica Vivo que tem a missão de fomentar a cultura do empreendedorismo de impacto social – estabeleçam uma rede para potencializar seus trabalhos.
Neste ano, foram cinco instituições que abrigaram o “encontrão”, como o evento é conhecido entre os participantes. No início do mês, a Etec Carapicuíba recebeu jovens das Etecs Paulistano, Jaraguá e Martin Luther King.
Os participantes divulgaram seus projetos aos colegas, estreitaram conexões e formaram uma roda de conversa com o publicitário Ale Costa, que trabalhou em produtoras renomadas como a O2 Filmes. Atualmente, ele encabeça um projeto relacionado a futebol de várzea nas comunidades paulistanas. “Fiquei feliz de ver que estes jovens se mostraram muito capazes de evoluir e mudar nosso Brasil”, declarou.
A estudante Hevelyn Oliveira da Silva, de 19 anos, está cursando Multimídia e ficou muito feliz de ter a chance de conversar com alguém da área de audiovisual. “O Ale contou como é o dia a dia dele na produção de filmes e quais são os principais desafios nessa área. Ele também deu dicas sobre o que precisamos fazer para crescer nesse segmento. Eu adorei!”.
A Etec Embu das Artes recebeu a convidada empreendedora Estela Damato, fundadora do Lab Social, organização que tem como foco promover instrumentos de governança entre múltiplos atores da sociedade para a resolução de problemas sociais.
“Foi muito bom ouvir a história de superação dela, sem contar que ela me deu várias ideias para o projeto que estou desenvolvendo. Descobri, por exemplo, que não preciso ter um lugar fixo para o meu empreendimento”, contou Pedro Felipe Neres de Oliveira, de 15 anos, aluno da Etec de Cotia.
A Etec Zona Leste recebeu um convidado especial, o empreendedor Marcio Oliveira, fundador da Pokan Investimentos, projeto de educação financeira para periferia que começou a desenhar quando integrou a 4ª edição do Pense Grande.
“Compartilhar um pouco da minha experiência e contribuir para a futura geração foi incrível e enriquecedor. Os alunos ficaram interessados em saber que a minha empresa partiu de um TCC e se aprimorou com as ferramentas do Pense Grande”, ressalta Marcelo.
O Encontro Empreendedor também aconteceu em cidades do interior do Estado de São Paulo. Em Piracicaba, a Etec Deputado Ary de Camargo Pedroso recebeu os estudantes da Etec Coronel Fernando Febeliano da Costa. A empreendedora convidada foi Camila Siriani, proprietária do Sallutem Centro de Treinamento Personalizado.
Em Ribeirão Preto, o intercâmbio aconteceu na Etec José Martiniano da Silva, que recebeu alunos da Etec Fernando Prestes, de Sorocaba, além dos convidados Tatiana Brechani, consultora facilitadora da Révoa Desenvolvimento; e Renato Rodrigues, fundador da empresa de mobilidade urbana Outbike.
Para Matheus Santos, 16 anos, aluno do Ensino Técnico Integrado ao Médio (ETIM) da Etec Embu das Artes, o principal atrativo do Encontro Empreendedor são as conexões com outros jovens: “Estudantes de duas escolas diferentes que estão fazendo o mesmo curso podem trocar ideias sobre os projetos. Foi possível criar uma afinidade e perceber como o Pense Grande nos prepara para desenvolver boas ideias para ajudar a sociedade”.
“Eu gostei muito de ter participado do Pense Grande pela quantidade de experiências novas que ele nos proporcionou. Com esses conhecimentos, pude agregar maior valor para a apresentação do meu grupo na mostra científica da escola”, Maria Eduarda Caetano, de 16 anos, aluna de administração da Etec Coronel Fernando Febeliano Costa.
A 7ª edição do Pense Grande começou no segundo semestre de 2019, atuando com atendimento direto aos jovens de 13 instituições do Centro Paula Souza. As oficinas geralmente acontecem no contraturno, mas nas Etecs Carapicuíba e Zona Leste, o programa é parte da grade curricular das disciplinas Empreendimento para Multimídia e Administração e RH, respectivamente.
Com metodologia exclusiva, o programa traz atividades mão na massa que ajudam o jovem a pensar fora da caixa e desenvolver habilidades empreendedoras e socioemocionais. Os participantes aprendem a desenvolver projetos que tenham impacto social, viabilidade financeira, tecnologia e muita inovação.
Os estudantes também são estimulados a exercitar suas habilidades para falar em público e concisão para defender seus projetos durante um pitch. Os projetos de destaque serão selecionados para se apresentar, em novembro, no Demoday, evento que encerra o ciclo do programa e premia os melhores empreendimentos desenvolvidos pelos jovens.
A partir do próximo ano, o Pense Grande não fará mais atendimento direto nas Etecs. Em vez disso, trabalhará com a formação de professores do Centro Paula Souza, os quais serão responsáveis pela multiplicação da metodologia de empreendedorismo social dentro do espaço escolar.
A mudança visa ampliar ainda mais o alcance e o potencial transformador dos jovens estudantes, além de estreitar conexão entre educadores e alunos e engajar a todos na cultura do empreendedorismo social.
Bruno Gomes outubro 28th, 2019
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Uma batalha de poesia falada. A definição de dicionário de um Slam é simples assim, mas basta acompanhar uma delas para entender que a arte, liderada por jovens das periferias das capitais brasileiras, é também uma forma de reconhecimento, empatia, militância política e social, união e resistência.
O Slam foi criado em Chicago, nos Estados Unidos, na década de 80, na esteira da popularização do hip hop. Por aqui chegou só nos anos 2000, e desde então ganha cada vez mais adeptos. Só em São Paulo há mais de 60 grupos organizados.
As batalhas normalmente acontecem em espaços públicos, ao ar livre ou em centros culturais, e seguem algumas regrinhas básicas: são quatro ou cinco rodadas, dependendo do número de competidores. Cada slammer tem 3 minutos para declamar sua poesiae, no máximo, 10 segundos de tolerância para finalizar.
Os jurados, escolhidos aleatoriamente na plateia, dão notas de 0 a 10. Dos slams regionais saem competidores para os campeonatos estaduais. Os vencedores disputam o Slam BR, que normalmente acontece no final do ano. O finalista representa o Brasil na Copa do Mundo de Slam, disputada em Paris, na França.
Slammaster: mestre de cerimônia que conduz a competição
Slammer: poeta competidor
Correr: nome dado ao ato de declamar a poesia para o público
Pow: grito da plateia para celebrar a nota máxima, 10.
Credo: grito da plateia para as notas de 9.5 a 9.9.
A cantora, compositora e poetisa Cinthya Santos, conhecida como Kimani, mora no Grajaú, zona sul da capital paulista. Participa do Slam desde 2017, quando descobriu a poesia de militância como uma forma de entender suas raízes e encontrar o seu espaço no mundo.
A jovem de 26 anos é conhecida nas competições. Já ganhou algumas delas e foi finalista do Slam BR. “O slam é um processo terapêutico, quase de cura mesmo. Os poetas são muito verdadeiros em relação às suas vivências. Tem gente falando sobre como foi violentada, sobre ter enfrentado a depressão, sobre opressões diárias. A gente cria um vínculo forte entre todos que estão ali”.
Kimani explica que os slams brasileiros costumam ser mais politizados, enquanto os norte-americanos “falam sobre passarinhos”. “São três minutos para passar a mensagem, ninguém quer desperdiçar sem se posicionar. Por isso o Slam se assemelha muito com o rap e com o hip hop. Nós bebemos da mesma fonte”.
O cotidiano – e suas discrepâncias sociais – é fonte riquíssima para os poetas da periferia. O bar da esquina, a feira, o trajeto no metrô, o aperto do ônibus lotado, as situações vividas no trabalho.
Mas há também espaço para falar de amor, de festas e até de pagode, como fez a escritora e poetisa Aline Anaya, durante o Pocket Slam que aconteceu dia 27/07, na Casa de Cultura Municipal do Ipiranga – Chico Science:
Para Aline, o slam desperta uma conexão com sua ancestralidade. “Eu tenho um forte vínculo com a oralidade. Eu não tenho registros fotográficos da minha família. Tudo o que sei sobre meus bisavós, por exemplo, é o que meu pai me conta. Então essa oralidade para mim é ancestralidade”.
Léo Rios tem 21 anos e é de Tatuí, interior de São Paulo. Até mudar para São Paulo, era um dos organizadores do slam que acontecia em sua cidade natal e do Slam Boituva.
No vídeo abaixo ele define a potência do slam como um espaço de pertencimento e escuta:
Apesar de reconhecer a importância dos slams que acontecem no centro de São Paulo, pela acessibilidade, ele costuma participar das batalhas que acontecem nas periferias da cidade, especialmente pela rede de apoio que se cria com o movimento.
“É uma cena recente, mas ela tem muita força. São pequenos grupos que vão se aliando para se fortalecer, é a força da periferia. Então os poetas criam vínculos com quem tem uma marca criada na periferia, com quem escreve zine, com o pessoal do audiovisual que está começando. É como uma escada, todo mundo vai subindo junto”.
“Tem muita gente que pensa que porque viemos da favela nos contentamos com pouco. Nós estamos nos profissionalizando e criamos uma rede para ajudar nesse processo. Se antes nós mal conseguíamos ler, hoje a gente escreve, produz e cobra por isso”, descreve Kimani sobre a arte feita “na quebrada”.
Quem vê o Gustavo soltar sua poesia pela arena do Slam não imagina que faz apenas sete meses que começou a participar de batalhas. E foi longo o caminho até esse momento. Ele conta que apesar de compor poesias desde os 7 anos de idade, sempre lutou contra o preconceito.
“Várias vezes me disseram que poesia não era coisa de menino. Acho que hoje em dia as pessoas entendem mais a literatura marginal. Ainda há outras tantas barreiras sociais que precisamos superar, mas a arte nos ajuda nisso”, diz ele.
Aos 30 anos, o poeta encontrou no slam acolhimento e empatia. “No slam rola muito de você sentir exatamente aquilo que outro poeta está descrevendo. É uma sensação de pertencimento que é difícil de explicar com palavras. Tem muita verdade ali, as pessoas dão tudo de si quando estão com o microfone na mão. Eu mesmo fico mais leve depois que saio do placo, como se tivesse tirado três botijões de gás das minhas costas”.
O público costuma ser parte importante da empatia que envolve o slam. É comum dar força aos poetas que se mostram mais nervosos na arena, sem contar toda a vibração com a revelação das notas, como mostra o vídeo abaixo gravado no Slam Capão, que ocorreu também no dia 27/07, na Fábrica de Cultura do Capão Redondo.
Júnior dos Santos, de 32 anos, é de São Sebastião. Topou por acaso com o slam, parou para ouvir e se encantou. “Os artistas trazem muita verdade. A gente consegue perceber a personalidade de cada um quando eles falam. Tem uma autenticidade na experiência. É algo muito sensível que faz a gente se reconhecer e vibrar junto”.
Há slams espalhados por todo o Brasil, mas São Paulo ainda ostenta o título de capital nacional do Slam. O site do Sesc SP levantou oito batalhas que acontecem pela cidade.
Bruno Gomes agosto 15th, 2019
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Apoiar jovens de periferia a transformarem suas ideias em negócios sociais. Esta é a razão de ser do Pense Grande Incubação, que iniciou no dia 1º de julho a 5º edição do programa, trazendo novidades em sua estrutura que vão da ampliação de empreendimentos e criação de nova fase até formações e assessorias ao longo do processo seletivo.
Pela primeira vez, desde 2015, o Pense Grande Incubação contará com empreendedores de todas as regiões do Brasil. Além disso, em vez de incubar 15 empreendimentos de impacto social, o programa fará a incubação de 30 projetos. A iniciativa da Fundação Telefônica Vivo, em parceria com a Aliança Empreendedora, expandiu o processo seletivo, incluindo também uma nova fase: a pré-incubação.
“Até o ano passado a gente tinha o processo dividido em duas fases, atuando em algumas cidades específicas”, explica Marina Egg, consultora da Aliança Empreendedora. “Mas nesta edição, abrimos o programa para todas as capitais do Brasil e suas regiões metropolitanas. Essa diversidade regional é muito rica para o processo, porque a gente trabalha com a troca entre os empreendedores, parte fundamental do desenvolvimento dos projetos.”
Além de diversidade garantida, o programa também buscou adequar o processo seletivo à uma lógica de desenvolvimento, oferecendo desafios e assessoria especializada antes mesmo de a incubação começar. A primeira fase contou com 248 inscrições válidas, que levaram em consideração os seguintes critérios: inovação, motivação e competências empreendedoras.
Após a avaliação da proposta, 140 empreendimentos foram selecionados para a segunda fase, na qual os empreendedores passaram por capacitações e tiveram quatro desafios para resolver. Com base nos resultados, 40 projetos passaram para a nova fase de pré-incubação, que organizou encontros regionais, palestras, assessorias especializadas, tudo para ajudá-los a pensar em um protótipo para seus negócios.
O resultado destes exercícios levou à seleção de 30 incubados que começaram a trilha de desenvolvimento no dia 1º de julho. Dentre eles, 16 projetos são liderados por mulheres e são localizados em 18 cidades diferentes, distribuídas em 12 estados.
Conheça cinco empreendimentos que participarão da 5º edição do Pense Grande Incubação:
MadTech
A experiência de Melquisedec Corrêa, de 24 anos, como voluntário nas regiões periféricas de Belém (PA), abriram seus olhos para os desafios locais. Já na faculdade, entrou em contato com ONGs e projetos sociais que trabalhavam com catadores de materiais recicláveis. “Lá pude ver o baixo rendimento que eles têm na atividade de “catação”, além de toda a questão da poluição residual. Belém, por exemplo, vivia uma crise do lixo e não tinha uma solução eficaz”, explica o jovem empreendedor.
Pensando na realidade daquela comunidade, ele decidiu unir empreendedorismo, ação social e a graduação em engenharia para criar a MadTech, uma empresa que se dedica a transformar resíduos plásticos e agroindustriais em novos produtos. A proposta é desenvolver uma madeira biossintética, feita a partir do plástico reciclável e fibras do caroço de açaí, para produção de móveis ecológicos e exclusivos.
Como é participar do Pense Grande Incubação?
“Minha experiência com o Pense Grande foi, e está sendo, a melhor possível! Vi os depoimentos de quem já tinha participado do programa e compreendi o compromisso e a seriedade no desenvolvimento de startups. Na hora tive a certeza de que a MadTech precisava estar lá, e conseguimos!”.
Grana Preta
Inspirando-se na família, que sempre apostou nos negócios próprios para complementar a renda, Amanda Aguiar teve a oportunidade de desenvolver a veia empreendedora desde cedo. Nascida em Salvador (BA), a jovem de 26 anos aprendeu a aliar impacto social e comunicação por meio das iniciativas que participou durante sua formação. A ideia de gerar conteúdos sobre finanças para jovens negros surgiu algum tempo depois, pela inquietude com relação à situação socioeconômica do país.
“Eu não queria apenas reclamar dos problemas, queria poder apresentar soluções que pudessem ajudar a garantir certo tipo de conforto e segurança financeira”, conta a empreendedora. “Então, o Grana Preta surge como uma ferramenta para as pessoas resolverem seus problemas econômicos de forma mais autônoma, sem depender de soluções políticas”. Os conteúdos de educação financeira e empreendedorismo serão disponibilizados por meio de ferramentas como o Instagram e Google Classroom, junto da venda de cursos digitais de educadores negros, funcionando como um marketplace.
Como é participar do Pense Grande Incubação?
-“Todos os desafios e a validação da minha ideia foram novos para mim. O passo-a-passo serviu para eu me entender enquanto empreendedora. Não sabia o quanto esse processo de autoconhecimento seria fundamental para mim! E por isso já sou muito grata ao Pense Grande!”.
Deu Obra
“O Mundo sem Pobreza” de Muhammad Yunus, foi a porta de entrada de Melania Pires para descobrir o mundo dos negócios sociais. Formada em Engenharia Civil e voluntária em ações sociais, a jovem descobriu três coisas: a rotina das grandes construtoras não se encaixava em seu perfil, o empreendedorismo era um caminho possível e, em Goiânia (GO), a taxa de desempregados no ramo da construção civil tinha se tornado assustadoramente alta.
Foi aí que surgiu o Deu Obra, empreendimento que promove a construção de edificações pequenas e de baixo custo, investindo o lucro obtido na capacitação de desempregados da construção civil. A ideia é absorver estes profissionais para as obras realizadas, e propor parcerias a outras construtoras para que ofereçam oportunidades a eles. “Percebi que podia conectar a minha profissão a algo que transformasse a vida das pessoas”.
Como é participar do Pense Grande Incubação?
“A incubação do Pense Grande faz você compreender melhor o seu negócio, te dá mais maturidade. As fases do programa e os profissionais são excelentes! Existe todo um cuidado e uma conexão com os projetos envolvidos. Eu me sinto privilegiada por estar entre eles!”.
Cooltivando
Descendente de índigenas guaranis, Lucas Felippe se orgulha de dizer que seu instinto o levou para o caminho certo. Sempre adorou brincar ao ar livre, trabalhar com a terra, cuidar de plantas, e tudo que envolvia a agricultura. Por morar em Parque Guarani, região periférica de Joinville (SC), ele se viu sem incentivo e oportunidade de trabalhar nesta área. Anos mais tarde, buscando encontrar seu lugar no mundo, o jovem mudou para Curitiba (PR) e decidiu cursar Agronomia.
Percebeu que todo o mercado era voltado para uma lógica de devastação ambiental, agronegócio e transgenia, com a qual não concordava. Pensando nisso, buscou se aproximar da agricultura orgânica e aprender com a realidade de famílias de agricultores locais. Depois de apresentar uma tese como conclusão de curso, estruturou um sistema de consultoria de dados para pequenos agricultores “O modelo de negócios do Cooltivando é pensado para o desenvolvimento sustentável e empoderamento do pequeno agricultor”, diz Lucas.
Como é participar do Pense Grande Incubação?
“Passar já na primeira fase foi muito significativo para mim, pois eu acreditei que o que eu queria fazer não era loucura, era possível! É mais do que o investimento tecnológico, é chance de ampliar o impacto da rede que tenho. Ser amparado e valorizado pelo Pense Grande está trazendo um aprendizado muito grande como empreendedor e como pessoa”.
Jornada Exponencial
A psicóloga organizacional Anna Paula Sampaio, de 28 anos, e a sócia, Renata Machado, de 36 anos, já trabalham com empreendedorismo há cerca de dois anos. Juntas fundaram a Ludo Thinking uma empresa que desenvolve treinamento personalizado utilizando jogos de tabuleiro, digitais e realidade aumentada. Notando que os serviços estavam muito voltados para grandes empresas de Vila Velha (ES), decidiram apostar em um público que estivesse entrando agora no mercado de trabalho.
“O Jornada Exponencial nasceu da necessidade de causar impacto social positivo”, explica a psicóloga. “Começamos a pensar em produtos mais acessíveis, que pudessem ensinar sobre liderança exponencial e comportamento esperado para pequenos empreendedores, estagiários e trainees”. O jogo de tabuleiro já existe, e foi todo pensado para estar conectado com um aplicativo que distribui missões diárias com o objetivo de salvar uma empresa. Parte do lucro já obtido pela Ludo seria revertido para disponibilizar o conteúdo gratuitamente.
Como é participar do Pense Grande Incubação?
“O nosso objetivo é que o Pense Grande nos ajude a tornar esse impacto social possível e sustentável. Nesse período de incubação, a gente já recebeu orientação e esperamos usá-la para tornar nosso produto escalável e alcançar mais gente!”
Bruno Gomes julho 31st, 2019
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Dois aplicativos pensados por jovens empreendedores: um que visa aumentar a autoestima de crianças e combater o estigma do vitiligo, doença não transmissível que causa manchas na pele; outro que tem por missão conectar refugiados a empresas, gerando renda a quem teve de deixar seu país de origem. Esses foram os projetos destacados na 6ª edição do Demoday Pense Grande, que aconteceu no dia 27 de julho, em São Paulo.
A edição de 2019 trouxe uma novidade. Além de envolver os alunos de nove ETECs e Fatecs do Estado de São Paulo, também participaram jovens atendidos por ONGs e que receberam aulas de voluntários multiplicadores da metodologia Pense Grande.
Mila Gonçalves, gerente de programas sociais da Fundação Telefônica Vivo e que compôs as bancas de jurados, explicou a inclusão dos espaços não escolares e agradeceu aos parceiros Atados,Impact Hub e o Centro Paula Souza, que fazem essa experiência acontecer.
“O Pense Grande nasceu fora da escola como um programa de desenvolvimento de empreendedores. Ao longo dos anos, e muito provocados também pelo Centro Paula Souza, nos aproximamos das escolas. Hoje, temos aqui duas frentes de atuação do nosso programa: os jovens das ETECs e Fatecs e os jovens atendidos pelas ONGs. As frentes andam em paralelo e juntá-las neste evento faz todo o sentido, porque é um processo similar, mas em instituições de naturezas distintas”, resumiu na fala de abertura.
O evento marca o fim da jornada iniciada no primeiro semestre do ano tanto nas escolas técnicas e faculdades de tecnologia, quanto nas instituições não governamentais. Ao longo dela, são formados jovens empreendedores por meio da metodologia Pense Grande e ferramentas como Design Thinking e Teoria U. Eles são provocados a criar soluções de impacto social que envolvam tecnologia e estejam alinhadas a um ou mais dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
No Demoday, cada grupo das escolas técnicas e ONGs teve cinco minutos para fazer um pitch, ou seja, para apresentar seu projeto a uma banca composta por cinco profissionais com sólida trajetória no mundo dos negócios. Os jurados escolhem os dois grupos que melhor se destacam nos critérios Inovação, Atitude Empreendedora, Impacto na Comunidade, Clareza na Apresentação e Tecnologia.
O primeiro lugar entre as escolas técnicas e faculdades de tecnologia ficou com o M.Q.M., ou Minhas Queridas Manchas, um aplicativo que visa dar visibilidade e representatividade a pessoas com vitiligo,uma doença não contagiosa que causa manchas na pele. Apesar de o Brasil registrar 150 mil novos casos ao ano, o tema é pouco discutido e, segundo pesquisa feita pelo grupo, 90% das pessoas acreditam que quem possui vitiligo sofre preconceito e alguma forma de rejeição.
O aplicativo foca no público infantil e pretende disponibilizar acesso a psicólogos e atividades com fotógrafos para resgatar a autoestima dos pequenos. A renda virá da venda de produtos como camisetas, agendas e bonecas, personagens dariam representatividade às crianças.
A aluna Bruna Marques Oliveira, representante da equipe da ETEC de Poá, fez o discurso de agradecimento: “queria agradecer ao Pense Grande pela oportunidade de fazer algo palpável para ajudar uma parte da sociedade.Muitas vezes é o que a gente quer fazer, mas a maior parte das pessoas não sabe por onde começar. Não há produtos assim nas lojas, por isso pensamos no público infantil, que pode já crescer se sentindo representado. Queremos fazer as crianças se sentirem bonitas, porque são bonitas do jeito que são!”.
Ela também destacou a participação da família no processo. “As bonecas que trouxemos de protótipo, minha avó quem fez.Ela é uma artista fantástica!”, continuou a jovem apontando para a plateia.
A mãe de Bruna, Cibele Aparecida Marques, exaltou o grupo: “Daqui para frente é continuar! Ninguém falou que seria fácil, mas é preciso lutar sempre! Estão todos de parabéns: professores, alunos, pais”.
O segundo lugar da categoria ficou com o projeto NeuroEduca, da ETEC de Mauá, que propõe formações continuadas para professores e educadores usando conceitos da neuroeducação e do neuromarketing.
Entre os grupos de jovens atendidos por ONGs, o primeiro lugar ficou com o ID=M, ou IDEM, que lançou luz sobre a dificuldade de adaptação de refugiados em outros países. Segundo o grupo, cerca de 69 milhões de pessoas deixam seus países todos os anos. A maior parte dos que chegam ao Brasil tem alta escolaridade e 79% tem interesse em empreender.
Por isso, a proposta é a criação de um aplicativo que conecte refugiados que queiram vender algum serviço a empresas ou pessoas. Ou seja, é uma ponte entre os refugiados e os contratantes. Por ser um público em situação muitas vezes vulnerável, a ideia é que a plataforma conte a história de cada um deles.
Segundo os jovens empreendedores do grupo, os voluntários da Isbet foram fundamentais. “Os nossos multiplicadores ajudaram muito nesse processo, deram dicas para a apresentação e proporcionaram isso pra gente!”, agradeceu Gabriele Nascimento.
E o grupo pensa no futuro: “já estamos procurando formas de levar para frente este aplicativo.Pegamos feedbacks de algumas pessoas que podem ajudar”, afirma Gabriele. “A gente acredita nele, então não vai parar aqui!”, complementa Larissa Ferreira, sua colega no IDEM.
Entre os projetos ligados às ONGs, o segundo lugar ficou com o Lady Jobs, uma plataforma que tem o objetivo de empoderar mulheres e combater a desigualdade de gênero por meio de oficinas e inserção no mercado de trabalho.
Os projetos premiados com o primeiro lugar receberão o curso Abraço Cultural e uma imersão no evento BlastU 2019. Já os que ficaram em segundo lugar ganham um curso online da Perestroika.
Ao término, a gerente de programas sociais da Fundação Telefônica Vivo, Mila Gonçalves, deixou um conselho aos jovens: “zelem muito pelas relações, as relações de confiança, de colaboração. Os números passam, mas o que você constrói com as outras pessoas é o que mais importa”.
Ela também ressaltou a importância da tecnologia e adiantou os planos do Programa Pense Grande em levar a uma plataforma digital toda essa experiência da jornada empreendedora, de desenvolvimento de projeto, apresentação de pitch e avaliação por uma banca de jurados. A intenção é multiplicar oportunidades a mais jovens empreendedores.
“A gente tem cerca de 50 milhões de jovens no Brasil. Desses, 11 milhões não estudam e não têm um trabalho ou uma ocupação formal. Nosso país só vai se desenvolver quando aproveitar o potencial da população e a gente sabe que a juventude é o nosso motor. Tem para todo mundo e quanto mais a gente ajudar o outro, mais vai crescer!”, encerrou Mila Gonçalves.
Bruno Gomes julho 29th, 2019
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